DA ARRITMIA PARA A EURITMIA
o ritmo do coração como guia
por Margrethe Skou Larsen
A tecnologia no mundo atual está se desenvolvendo em alta velocidade. O ser humano moderno cria máquinas cada vez mais avançadas que tornam a sua vida cada vez mais confortável.
Mesmo assim ele não é feliz. Por quê?
Em função da alta tecnologia a nossa vida se tornou preponderantemente mental e sedentária. As máquinas que criamos nos últimos duzentos anos tiram o movimento das nossas vidas. Elas foram desenvolvidas pelo pensar lógico que tem como o seu instrumento o cérebro. Este tipo de pensar é linear e não gosta de movimento. Vivendo assim então, um estilo de vida unilateral, o nosso organismo com o tempo adoece. Sentimos a necessidade de exercitar o nosso corpo antes ou depois do dia de trabalho. Para estes fins, foram criadas novas máquinas disponíveis nas inúmeras academias que surgiram nas últimas décadas. Elas são frequentadas principalmente por aqueles que, em função de sua profissão, passam a maior parte do dia no escritório sentados na frente do computador.
Surgiu assim um estilo de vida que oscila na polaridade, entre cabeça e membros, entre atividade mental e atividade física.
Ao mesmo tempo observamos maiores dificuldades nas relações humanas. Elas estão em crise, tanto no mundo “micro” como no mundo “macro”: na família entre pais e filhos, entre homem e mulher, no trabalho entre colegas, na sociedade entre grupos sociais e entre países. A violência aumenta a cada dia, os consultórios psiquiátricos estão repletos de pessoas em busca de uma solução para a sua crise individual, e como conseqüência, para a crise global.
O que está faltando no nosso estilo de vida? Qual é o âmbito da nossa vida para o qual ainda não dedicamos atenção consciente diariamente?
A cabeça está em atividade no escritório, os membros na academia; todos os dias consideramos o nosso pensar e o nosso querer.
– E o sentir? Em que momento do nosso dia-a-dia o sentir tem o seu lugar?
Entre cabeça e membros está o nosso peito onde palpita o coração. O coração é o órgão das relações. Ele bate ritmicamente. É sinônimo da melhor qualidade de vida que podemos imaginar: é quando dois corações se encontram, quando duas almas se permeiam amorosamente.
Parece que hoje não temos mais tempo para o encontro... – já que estamos sempre com pressa... Não ouvimos mais o canto dos passarinhos... Não observamos mais a modificação das árvores na transição das estações... Não tiramos mais os sapatos para colocar o pé na grama e sentir o orvalho...
O coração é o órgão para sentir relações. A primeira relação é a relação comigo mesmo. Quem sou eu? De onde venho? Porque estou aqui? Como me sinto hoje? Eu gosto de fazer o que eu faço? Qual é a minha função na sociedade como um todo?
Dedicar um momento consciente à estas perguntas regularmente, se tornou cada vez mais, não apenas uma questão de qualidade de vida, mas uma questão de sobrevivência. Estas perguntas poderiam ser ignoradas por algum tempo, mas não para sempre. Pois, mais cedo ou mais tarde a alma pode adoecer e, por exemplo, um processo depressivo se manifestar.
Estou atento à voz que fala no meu interior? Esta voz que está aí para me orientar na vida – a voz da minha criatividade individual? Como me torno capaz de escutá-la todos os dias?
A prática regular da EURITMIA é um caminho moderno, aliás, na realidade: pós-moderno nesta direção. A palavra euritmia vem do grego e quer dizer: ritmo harmonioso, ritmo saudável. É uma atividade corporal que tem o seu ponto de partida no ritmo do coração. Ela envolve tanto o movimento dos membros como a consciência mental, relacionando ambos ritmicamente. São movimentos simples que desenvolvem a sensibilidade do coração e o senso artístico que está presente em cada um de nós.
O primeiro passo é desenvolver amor próprio e auto-aceitação; sensibilidade comigo mesmo, com o meu corpo, com o meu ser como um todo. A partir deste ponto o próximo passo que surge naturalmente é o passo em direção aos outros. Amor próprio e auto-estima saudáveis criam naturalmente interesse verdadeiro pelos outros. Surge assim um novo estilo de vida, mais realista, onde cada um sente na própria pele que é impossível viver sozinho neste planeta. Precisamos uns dos outros, tanto dos seres humanos como dos outros seres que dividem o Planeta Terra conosco.
Por exemplo, uma empresa não deixa de ser um pequeno universo onde é necessário trabalhar em equipe. É importante saber conviver com flexibilidade e tolerância e aprimorar ao máximo os talentos de cada colaborador. Assim a empresa pode tornar-se um organismo que prospera.
A nova consciência, pós-moderna, é capaz de criar bem estar no dia-a-dia e maior qualidade de vida. Poderíamos evoluir pressionados, através de experiências amargas. Porém, também seria possível movimentar-se nesta direção com prazer, na base do livre arbítrio. A prática regular da EURITMIA oferece um caminho simples e efetivo rumo a uma convivência melhor.